Revista Agrária Acadêmica
doi: 10.32406/v5n5/2022/62-71/agrariacad
Efeito de Trichoderma harzianum e Trichoderma longibrachiaum no crescimento de Chionanthus pubescens, Eucalyptus cinerea e Cupressus macrocarpa em viveiro. Effect of Trichoderma harzianum and Trichoderma longibrachiaum on the growth of Chionanthus pubescens, Eucalyptus cinerea and Cupressus macrocarpa in nursery.
Pablo Israel Álvarez Romero1,4*, Liseth Karina González Tamayo2, Juan Luis Guerra Buenaño
1,4, Daniel Arturo Román Robalino1,4, Ana Francisca Tibúrcia Amorim Ferreira e Ferreira
3
1– Escuela Superior Politécnica de Chimborazo (ESPOCH), Riobamba – CH, Ecuador. Panamericana Sur km 1 1/2, Riobamba – Ecuador. CEP: EC060155.
2- Pesquisadora Independente.
3- Programa de Pós-Graduação em Agronomia Tropical, Universidade Federal do Amazonas – UFAM, Manaus – AM, Brasil.
4- Proyecto Estudio de Trichoderma spp. en viveros forestales de la provincia de Chimborazo y Suelos Agrícolas en Santa Cruz, Islas Galápagos.
*Autor para correspondência: E-mail: pabloi.alvarez@espoch.edu.ec
Resumo
O efeito de Trichoderma harzianum e T. longibrachiatum na promoção do crescimento vegetal foi estudado em Chionanthus pubescens, Eucalyptus cinerea e Cupressus macrocarpa. Como variáveis associadas ao crescimento e desenvolvimento das plantas florestais, foram avaliados a altura, comprimento do caule, número de folhas e massa seca das plantas. As duas espécies de Trichoderma utilizadas tiveram um efeito positivo, melhorando a maioria das variáveis avaliadas em todas as espécies florestais estudadas, demonstrando que este gênero de fungo é uma boa alternativa como promotor de crescimento vegetal em estas espécies florestais.
Palavras-chave: Microorganismos. Biofertilizantes. Desenvolvimento. Biotecnologia.
Abstract
The effect of Trichoderma harzianum and T. longibrachiatum in promoting plant growth was studied in Chionanthus pubescens, Eucalyptus cinerea e Cupressus macrocarpa. As variables associated with the growth and development of forest plants, the height, stem length, number of leaves and dry weight of the plants were evaluated. The two Trichoderma species used had a positive effect, improving most of the variables evaluated in the forest’s species studied.
Keywords: Microorganisms. Biofertilizers. Development. Biotechnology.
Introdução
No Equador, o setor florestal vem desempenhando um papel muito importante tanto para o meio ambiente quanto para a economia do país, para o qual é essencial reproduzir, manter, controlar e contribuir para o desenvolvimento das espécies lenhosas. Uma das raras técnicas que têm se destacado como promotores de crescimento de espécies vegetais é o uso de microrganismos fúngicos (ÁLVAREZ-ROMERO, 2021; CUBILLOS-HINOJOSA; VALERO; MEJÍA, 2009). A pesquisa e a análise dos efeitos de produtos biológicos fizeram progressos consideráveis no campo ambiental onde se apresenta como uma das melhores alternativas para substituir produtos químicos (WOO et al., 2014). Fungos do gênero Trichoderma são encontrados em solos em todas as zonas climáticas do mundo, e são importantes decompositores de materiais lenhosos e herbáceos (MEYER; MAZARO; SILVA, 2019; SAMUELS, 2006).
A estimulação do crescimento nas plantas pela aplicação de Trichoderma está relacionada ao controle dos microrganismos patogénicos presentes (MACHADO et al., 2012), a produção de fitohormônios e ao aumento da disponibilidade e maior eficiência no uso de alguns nutrientes pelas plantas (NIETO-JACOBO et al., 2017). Os efeitos positivos no crescimento e desenvolvimento de plantas associadas à espécies de Trichoderma já foram demonstrados em tomate (AZARMI; HAJIEGHRARI; GIGLOU, 2011), Eucalyptus sp. (FORTES et al., 2007). Esses fungos são considerados invasores oportunistas, caracterizado por seu rápido crescimento, capacidade de assimilar uma ampla gama de substratos e produção de uma variedade de compostos antimicrobianos (CHAVERRI; SAMUELS, 2013). Existem poucos estudos sobre Trichoderma spp. como promotor de crescimento em espécimes florestais como Chionanthus pubescens, Eucalyptus cinerea e Cupressus macrocarpa em nível de viveiro.
O Equador é um país muito diversificado em termos de plantas, animais e microrganismos. Neste trabalho, buscou-se fornecer informações sobre o efeito de duas espécies de Trichoderma em três espécies florestais: C. pubescens, E. cinerea e C. macrocarpa em nível de viveiro. Observando a necessidade de alternativas de produção limpa no setor florestal, surgiu a idéia de realizar a presente pesquisa sobre o efeito de duas espécies de Trichoderma (T. harzianum e T. longibrachiatum) nos processos fisiológicos de espécies lenhosas.
Material e métodos
O presente trabalho de pesquisa foi conduzido no período de outubro de 2021 a março de 2022, no viveiro comercial Las-Palmeras, localizado nas coordenadas 78º 18`56.48“W e 0º 14`30.25“S, no município de Quito da Provincia de Pichincha no Equador. Esta região apresenta um clima com temperaturas de 16 °C e precipitação média anual de 2000 mm. Foram usadas 160 mudas de cada espécie florestal (C. pubescens, E. cinerea e C. macrocarpa). Para a produção das mudas foram usados recipientes plásticos estéreis, do tipo tubetes, com capacidade de 150 cm³, os quais foram preenchidos com substrato à base de areia, terra preta e casca de arroz carbonizada, na proporção 1:1:1. As sementes foram plantadas no substrato, e colocadas em casa de vegetação sob condições controladas durante 120 dias até a inoculação com os diferentes tratamentos.
As quatro cepas das duas espécies de Trichoderma (T. harzianum e T. longibrachiatum) utilizadas no experimento foram da coleção do projeto “Estudio de Trichoderma spp. en viveros forestales de la provincia de Chimborazo y Suelos Agrícolas en Santa Cruz, Islas Galápagos”. Para a obtenção dos inóculos, as quatro cepas foram multiplicadas em meio batata dextrose ágar (BDA 39 g.L-1, DIFCO) e incubadas a temperatura de ± 25 °C no escuro, por um período de 14 dias. A suspensão de esporos foi obtida após a lavagem em água destilada das placas de Petri colonizadas pelos fungos.
As inoculações foram feitas usando 50 mL da suspensão de esporos (com uma concentracão de 1 x 106 conídios mL-1) diretamente ao substrato de cada planta das três espécies florestais em estudo (C. pubescens, E. cinerea e C. macrocarpa). Foram feitas três inoculações de dois cepas de T. harzianum e dois cepas de T. longibrachiatum em cada espécie florestal (sendo a primeira realizada aos 22 dias após o transplante, e as demais aos 60 e 90 dias depois).
As variáveis mensuradas neste estudo foram: altura das plantas, em centímetros, comprimento do caule e comprimento das raízes (mm), número das folhas, massa seca das folhas (g), massa seca das raízes (g) e massa seca total (g). Todas as variáveis foram mensuradas aos 75 dias após a primeira aplicação dos tratamentos. Foi calculado também o índice de Dickson para a qualidade das mudas seguindo a metodologia de Binotto; Lúcio; Lopes, (2010). A altura das plantas foi obtida com auxílio de uma régua, medindo-se desde a base da muda até a gema apical. As variáveis comprimento do caule e raízes foram medidas com auxílio de um paquímetro digital, com precisão de 0,01 mm. O número de folhas foi obtido através da contagem direta. Os valores do peso seco das folhas e raízes foram determinados após a lavagem das plantas, secagem em estufa a 50 °C durante 48 horas e pesagem em balança analítica, com precisão de 0,001 g. O experimento foi feito em blocos casualizados (DBC), com quinze tratamentos dispostos em esquema fatorial (15×4), com T. harzianum, T. longibrachiatum e água destilada (controle) em as três espécies florestais estudadas (C. pubescens, E. cinerea e C. macrocarpa). Após verificados os pressupostos da homogeneidade e normalidade, os dados foram submetidos à análise de variância e teste de Tukey ao 5%. Os gráficos e análises foram realizadas com auxílio do software R, versão 4.1.2.
Resultados e discussão
Figura 1 – Mudas de C. pubescens (A), de E. cinerea (B) y C. macrocarpa (C) tratadas com T. harzianum cepa 1 (a), T. harzianum cepa 2 (b), T. longibrachiatum cepa 1 (c), T. longibrachiatum cepa 2 (d) e tratamento controle (e).
Tabela 1 – Análise das variáveis associadas com crescimento e desenvolvimento (altura da planta, comprimento do caule, número de folhas, comprimento da raiz, massa seca das folhas, massa seca das raízes, massa seca total e índice de Dickson) das plantas de C. pubescens tratadas com as quatro cepas de Trichoderma aos 75 dias depois da inoculação dos diferentes tratamentos.
Tratamento |
Altura daplanta (cm) |
Comprimentodo caule (mm) |
Número de folhas |
Comprimento das raízes (cm) |
Massa seca das folhas (g) |
Massa seca das raízes (g) |
Massa seca total (g) |
Índice de Dickson |
Água |
7,57 a* |
8,39 a |
8,25 a |
7,34 a |
0,19 a |
0,08 a |
0,27 b |
0,06 |
T. harzianumcepa 1 |
7,65 a |
7,71 a |
10,25 a |
6,24 a |
0,31 a |
0,10 a |
0,41 a |
0,10 |
T. harzianumcepa 2 |
8,55 a |
7,79 a |
8,50 a |
5,70 a |
0,24 a |
0,09 a |
0,24 a |
0,09 |
T. longibrachiatum cepa 1 |
7,95 a |
7,84 a |
9,25 a |
6,84 a |
0,28 a |
0,11 a |
0,38 a |
0,11 |
T. longibrachiatum cepa 2 |
7,23 a |
7,06 a |
7,00 b |
6,44 a |
0,25 a |
0,09 a |
0,34 a |
0,09 |
* Tratamentos com a mesma letra não são significativamente diferentes segundo o Teste de Tukey ao 5%
Tabela 2 – Análise das variáveis associadas com crescimento e desenvolvimento (altura da planta, comprimento do caule, número de folhas, comprimento da raiz, massa seca das folhas, massa seca das raízes, massa seca total e índice de Dickson) das plantas de E. cinerea tratadas com as quatro cepas de Trichoderma aos 75 dias depois da inoculação dos diferentes tratamentos.
Tratamento |
Altura daplanta (cm) |
Comprimentodo caule (mm) |
Número de folhas |
Comprimento das raízes (cm) |
Massa seca das folhas (g) |
Massa seca das raízes (g) |
Massa seca total (g) |
Índice de Dickson |
Água |
3,98 a* |
2,98 a |
20,00 a |
7,33 a |
0,08 ab |
0,01 a |
0,09 a |
0,01 |
T. harzianumcepa 1 |
4,19 a |
2,71 a |
15,75 ab |
7,33 a |
0,10 a |
0,02 a |
0,12 a |
0,02 |
T. harzianumcepa 2 |
4,20 a |
3,22 a |
16,50 ab |
7,44 a |
0,06 ab |
0,02 a |
0,07 a |
0,01 |
T. longibrachiatum cepa 1 |
3,52 a |
3,01 a |
15,25 ab |
7,30 a |
0,07 ab |
0,01 a |
0,08 a |
0,01 |
T. longibrachiatum cepa 2 |
3,65 a |
2,78 a |
15,00 ab |
6,96 a |
0,06 ab |
0,01 a |
0,07 a |
0,01 |
*Tratamentos com a mesma letra não são significativamente diferentes segundo o Teste de Tukey ao 5%
Tabela 3 – Análise das variáveis associadas com crescimento e desenvolvimento (altura da planta, comprimento do caule, número de folhas, comprimento da raiz, massa seca das folhas, massa seca das raízes, massa seca total e índice de Dickson) das plantas de C. macrocarpa tratadas com as quatro cepas de Trichoderma aos 75 dias depois da inoculação dos diferentes tratamentos.
Tratamento |
Altura daplanta (cm) |
Comprimentodo caule (mm) |
Número de folhas |
Comprimento das raízes (cm) |
Massa seca das folhas (g) |
Massa seca das raízes (g) |
Massa seca total (g) |
Índice de Dickson |
Água |
3,74 a* |
2,31 a |
4,50 a |
6,24 a |
0,05 b |
0,001 b |
0,051 b |
0,01 |
T. harzianumcepa 1 |
4,24 a |
3,33 a |
4,75 a |
5,50 a |
0,07 b |
0,01 a |
0,08 b |
0,01 |
T. harzianumcepa 2 |
4,83 a |
3,25 a |
3,50 a |
5,74 a |
0,10 a |
0,01 a |
0,11 a |
0,01 |
T. longibrachiatum cepa 1 |
3,93 a |
2,50 a |
3,50 a |
5,81 a |
0,07 b |
0,001 b |
0,071 b |
0,01 |
T. longibrachiatum cepa 2 |
4,06 a |
2,50 a |
5,00 a |
5,70 a |
0,06 b |
0,01 a |
0,07 b |
0,01 |
*Tratamentos com a mesma letra não são significativamente diferentes segundo o Teste de Tukey ao 5%
As maiores alturas da espécie florestal C. pubescens foram para as mudas tratadas com T. harzianum cepa 2 acrescentando um 12,95% essa variável em relação ao controle (Tabela 1). As maiores alturas da espécie florestal E. cinerea foram para as mudas tratadas com T. harzianum cepa 2 e cepa 1, acrescentando um 5,23% e 4,77% essa variável em relação ao controle (Tabela 2). As maiores alturas da espécie florestal C. macrocarpa foram para as mudas tratadas com T. harzianum cepa 2, acrescentando um 29,14% essa variável em relação ao controle. Não foi observado um efeito na altura das mudas, quando as mudas de C. macrocarpa foram tratadas com água (Tabela 3).
Os resultados anteriores concordam com os relatos de vários autores que indicaram aumentos importantes no crescimento de plântulas inoculadas com T. harzianum (CUBILLOS-HINOJOSA; VALERO; MEJÍA, 2009). O crescimento das plantas de C. pubescens, E. cinerea e C. macrocarpa no presente trabalho é possivelmente devido à soma de várias características previamente relatadas para diferentes isolados desta espécie de Trichoderma em solos tropicais, entre os quais podemos citar sua capacidade de produzir ácido indolacético (KHAN et al., 2017; MEYER; MAZARO; SILVA, 2019), uma substância que favorece o alongamento das raízes permitindo uma melhor captação de nutrientes no solo pela planta: a capacidade de transformar a matéria orgânica do solo e solubilizar fosfatos orgânicos e inorgânicos (VERA, 2002), contribuindo assim para uma melhor nutrição e desenvolvimento das plantas.
Os maiores comprimentos do caule da espécie florestal C. pubescens foram para as mudas tratadas com água. Não foi observado um efeito no comprimento do caule, quando as mudas de C. pubescens foram tratadas com as diferentes espécies e cepas de Trichoderma (Tabela 1). Os maiores comprimentos do caule da espécie florestal E. cinerea foram para as mudas tratadas com T. harzianum cepa 2 acrescentando um 7,45% essa variável em relação ao controle (Tabela 2). Os maiores comprimentos do caule da espécie florestal C. macrocarpa foram para as mudas tratadas com T. harzianum cepa 1 e cepa 2 acrescentando um 30.63% essa variável em relação ao controle. Não foi observado um efeito no comprimento do caule, quando as mudas de E. cinerea foram tratadas com água (Tabela 3).
O maior número de folhas da espécie florestal C. pubescens foi para as mudas tratadas com T. harzianum cepa 1 acrescentando um 24,24% essa variável em relação ao controle (Tabela 1). O maior número de folhas da espécie florestal E. cinerea foi para as mudas tratadas com água. Por outro lado, não foi observado um efeito no número de folhas verdadeiras quando as mudas de foram tratadas as diferentes espécies e cepas de Trichoderma (Tabela 2). O maior número de folhas da espécie florestal C. macrocarpa foi para as mudas tratadas com T. harzianum cepa 1, acrescentando um 5,26% essa variável em relação ao controle (Tabela 3).
O maior comprimento das raízes da espécie florestal C. pubescens foi para as mudas tratadas com água. Por outro lado, não foi observado um efeito no comprimento das raízes quando as mudas de C. pubescens foram tratadas com as diferentes espécies e cepas de Trichoderma (Tabela 1). O maior comprimento das raízes da espécie florestal E. cinerea foi para as mudas tratadas com T. harzianum cepa 2 (Tabela 2). O maior comprimento das raízes da espécie florestal C. macrocarpa foi para as mudas tratadas com água. Por outro lado, não foi observado um efeito no comprimento das raízes quando as mudas de C. macrocarpa foram tratadas com as diferentes espécies e cepas de Trichoderma (Tabela 3).
O mecanismo pelo qual os microrganismos promovem o crescimento das plantas já foi estudado tanto para bactérias (IDRIS et al., 2007) quanto para fungos (CONTRERAS-CORNEJO et al., 2015) Tem sido sugerido que mais de 80% das bactérias da rizosfera sintetizam o ácido indol-3-acético (IAA) (PATTEN; GLICK, 1996), o hormônio vegetal auxina que controla muitos aspectos do crescimento e desenvolvimento das plantas (GROSSMANN, 2010). A capacidade de sintetizar ácido indol-3-acético (IAA) é um atributo que muitos microrganismos possuem, incluindo promotores de crescimento de plantas e alguns patógenos de plantas (DUCA et al., 2014). O IAA sintetizado por microrganismos associados às raízes das plantas pode interferir no desenvolvimento das plantas, perturbando o equilíbrio de auxinas nas plantas. Por exemplo, a síntese de AIA pode modificar a arquitetura radicular, resultando em aumento da massa radicular e, consequentemente, aumento da área adequada para colonização microbiana e um sistema radicular maior para absorção de nutrientes pela planta (CONTRERAS-CORNEJO et al., 2009).
O maior valor de massa seca das folhas da espécie florestal C. pubescens foi para as mudas tratadas com T. harzianum cepa 1, acrescentando um 63.15% em essa variável em relação ao controle. Por outro lado, não foi observado um efeito na massa seca das folhas quando as mudas de foram tratadas com água (Tabela 1). O maior valor de massa seca das folhas da espécie florestal E. cinerea foi para as mudas tratadas com T. harzianum cepa 1, acrescentando um 20% essa variável em relação ao controle (Tabela 2).O maior valor de massa seca das folhas da espécie florestal C. macrocarpa foi para as mudas tratadas com T. harzianum cepa 2, acrescentando um 50% essa variável em relação ao controle. Por outro lado, não foi observado um efeito na massa seca das folhas quando as mudas de C. macrocarpa foram tratadas com água (Tabela 3).
O maior valor de massa seca das raízes da espécie florestal C. pubescens foi para as mudas tratadas com T. longibrachiatum cepa 1, acrescentando um 37.5% essa variável em relação ao controle (Tabela 1). O maior valor de massa seca das raízes da espécie florestal E. cinerea foi para as mudas tratadas com T. harzianum cepa 1 y cepa 2, acrescentando um 100% essa variável em relação ao controle (Tabela 2). O maior valor de massa seca total da espécie florestal C. macrocarpa foi para as mudas tratadas com T. harzianum cepa 1 y 2. Por outro lado, não foi observado um efeito na massa seca total quando as mudas de C. macrocarpa foram tratadas com água (Tabela 3).
O maior valor de massa seca total da espécie florestal C. pubescens foi para as mudas tratadas com T. harzianum cepa 1, acrescentando um 51,85% essa variável em relação ao controle. Por outro lado, os menor valores da massa seca total foram observados quando as mudas de C. pubescens foram tratadas com os demais tratamentos (Tabela 1). O maior valor de massa seca total da espécie florestal E. cinerea foram para as mudas tratadas com T. harzianum cepa 1, aumentando essa variável um 100% em relação ao controle. Por outro lado, os menor valores da massa seca total foram observados com os demais tratamentos (Tabela 2). O maior valor de massa seca total da espécie florestal C. macrocarpa foram para as mudas tratadas com T. harzianum cepa 2, aumentando essa variável um 90% em relação ao controle (Tabela 3).
Os resultados da massa seca total, das folhas e radicular da presente pesquisa concordam com os relatos de vários autores que indicaram aumentos importantes na biomassa de plântulas inoculadas com T. harzianum. Por exemplo, aumento da biomassa de plantas de maracujá (CUBILLOS-HINOJOSA; VALERO; MEJÍA, 2009) e melhor desenvolvimento das plantas de eucalipto e cipreste (ÁLVAREZ-ROMERO, 2021), entre outros, após aplicação de produtos à base de Trichoderma.
Finalmente, os maiores valores do índice de qualidade de Dickson foram para as mudas da espécie florestal C. pubescens tratadas com T. longibrachiatum cepa 1 e T. harzianum cepa 1 (Tabela 1), para as mudas de E. cinerea tratadas com T. harzianum cepa 1 (Tabela 2) e no caso das mudas de C. macrocarpa os valores do índice de Dickson no apresentaram diferenças em nenhum dos tratamentos usados (Tabela 3).
As espécies de Trichoderma são fungos filamentosos comuns no solo, com algumas cepas capazes de estabelecer relações benéficas com as plantas (DRUZHININA et al., 2011). A promoção direta do crescimento das plantas (JABLONKA, 2013) é um dos muitos mecanismos nos quais Trichoderma spp. melhorar a saúde das plantas, no entanto, o mecanismo molecular subjacente a isso ainda não está claro. Contreras-Cornejo et al. (2015) sugeriram que Trichoderma spp. induz a promoção do crescimento por um mecanismo fúngico dependente de auxina. Usando bioensaio in vitro, eles mostraram que Trichoderma virens Gv29.8 e T. atroviride IMI206040 podem sintetizar IAA (e alguns de seus derivados) e demonstraram aumentar a produção de raízes laterais de Arabidopsis (CONTRERAS-CORNEJO et al., 2015). No entanto, a correlação entre a síntese de IAA e a promoção do crescimento de plantas em sistemas baseados no solo é menos convincente. Hoyos-Carvajal; Orduz; Bissett (2009) mostraram que muitas cepas de Trichoderma são capazes de sintetizar IAA, mas apenas algumas podem promover o crescimento da planta.
Outras moléculas produzidas microbianamente conhecidas por serem importantes na promoção do crescimento de plantas são os compostos orgânicos voláteis microbianos (mVOCs), que foram reconhecidos como atores-chave na promoção do crescimento de plantas (KANCHISWAMY; MALNOY; MAFFEI, 2015). Os mVOCs são compostos lipofílicos de baixo peso molecular que podem evaporar facilmente à temperatura e pressão ambiente, e sugeridos para desempenhar um papel na comunicação de longa distância entre organismos. Os mVOCs pertencem a diferentes classes químicas, incluindo mono e sesquiterpenos, álcoois, cetonas, lactonas, ésteres, tioálcoois, tioésteres e ciclohexenos (SCHENKEL et al., 2015). 6-pentil-2H-piran-2-ona (6-PP) é um composto detectado em diversas espécies de Trichoderma (JELEŃ et al., 2014). Curiosamente, nem todas as espécies de Trichoderma sintetizam 6-PP (ATANASOVA et al., 2013), mas a maioria é capaz de induzir a promoção do crescimento de plantas (KOTTB et al., 2015).
Em resumo, este estudo fornece evidências da promoção de crescimento de Trichoderma para algumas espécies florestais, no entanto, interações complexas entre Trichoderma e as plantas podem estar relacionadas com essa promoção de crescimento. Futuros estudos moleculares examinando os papéis de genes e vias específicas podem lançar mais luz sobre o papel das moléculas derivadas de fungos na promoção do crescimento das plantas.
Conclusões
As espécies de Trichoderma utilizadas neste trabalho tiveram efeito positivo, melhorando as variáveis analisadas. Com base nesses resultados, as espécies de Trichoderma (T. harzianum e T. longibrachiatum) podem ser uma boa alternativa para serem utilizadas como promotoras de crescimento vegetal em Chionanthus pubescens, Eucalyptus cinerea e Cupressus macrocarpa em nível de viveiro.
Conflitos de interesse
Não houve conflito de interesses dos autores.
Contribuição dos autores
Pablo Israel Álvarez Romero, Liseth Karina González Tamayo, Juan Luis Guerra Buenaño, Daniel Arturo Román Robalino e Ana Francisca Tiburcia Amorin Ferreira e Ferreira – coleta de dados, revisão bibliográfica e redação do manuscrito.
Referências bibliográficas
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Recebido em 30 de junho de 2022
Retornado para ajustes em 24 de outubro de 2022
Recebido com ajustes em 21 de novembro de 2022
Aceito em 12 de dezembro de 2022