Produção de massa seca, composição botânica e valor nutritivo de forrageiras de inverno sobressemeadas em pasto de tifton 85 adubado com fertilizantes químicos e cama de aves

Revista Agrária Acadêmica

Agrarian Academic Journal

doi: 10.32406/v5n2/2022/50-65/agrariacad

 

Produção de massa seca, composição botânica e valor nutritivo de forrageiras de inverno sobressemeadas em pasto de tifton 85 adubado com fertilizantes químicos e cama de aves. Herbage mass production, botanical composition and nutritional value of the winter forages overseeded in Tifton 85 pasture fertilized with chemical fertilizers and poultry litter.

Fabiana Schmidt1

 

1- Doutora, pesquisadora – Empresa de Pesquisa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina – EPAGRI, Estação Experimental de Campos Novos – SC. E-mail: fabianaschmidt@epagri.sc.gov.br 

 

Resumo

 

O objetivo do estudo foi avaliar a produtividade, a composição botânica e o valor nutritivo do tifton 85 submetido a distintas sobressemeaduras e adubações. O delineamento experimental foi o DBC em esquema fatorial 3×3, com 4 repetições. Os fatores avaliados foram espécie forrageira sobressemeada (tifton exclusivo e sobressemeado com aveia preta solteira e consorciada com azevém) e adubação (ausência e presença de adubações química ou de cama de aves). O estabelecimento de aveia preta e azevém por sobressemeadura com o uso de adubação química em tifton 85 promoveu o aumento da produção de MS de forragem aos animais em pastejo, com conteúdo maior de PB e DIVMS e menor FDN.

Palavras-chave: Pastagens consorciadas. Aveia preta. Azevém. Composição botânica. Adubação.

 

 

Abstract

 

The objective of the study was to evaluate the productivity, botanical composition and nutritional value of tifton 85 subjected to different overseeds and fertilization. The experimental design was the RBD in a 3×3 factorial scheme, with 4 replications. The factors evaluated were overseeded forage species (exclusive tifton and overseeded with single black oat and intercropped with ryegrass) and fertilization (absence and presence of chemical fertilization or poultry litter). The establishment of black oat and ryegrass by overseeding with the use of chemical fertilization in tifton 85 promoted an increase in the production of forage DM to animals in grazing, with higher content of CP and IVDM and lower NDF.

Keywords: Intercropped pastures. Black oats. Ryegrass. Botanical composition. Fertilizing.

 

 

Introdução

 

No Estado de Santa Catarina, as pastagens tropicais do gênero Cynodon tem sido muito utilizadas na produção de leite devido ao alto potencial produtivo (JOCHIMS et al., 2017). Nesses sistemas de produção de leite baseados em pastagens perenes de verão os maiores desafios para o ajuste da produção de alimento às necessidades do rebanho ocorrem no período outono/inverno devido às grandes variações na produção e valor nutritivo das plantas forrageiras. Nesse período as pastagens de tifton 85 apresentam reduzida taxa de crescimento e queda acentuada na disponibilidade e no valor nutritivo da forragem devido a ocorrência de geadas, baixas temperaturas e dias curtos (FERNANDES & VALOIS, 2021).

A sobressemeadura das pastagens de tifton 85 com espécies anuais de inverno, como o azevém e a aveia preta é uma alternativa importante para aumentar a produção de forragem nesse período, por ser uma técnica que envolve baixos custos, contribui para a melhoria da composição botânica do pasto e  resulta em melhor distribuição da produção ao longo do ano (MOREIRA et al., 2006). Além disso, permite que os animais tenham acesso a uma forragem de alto valor nutritivo pois as forrageiras anuais de inverno apresentam altos teores de proteína bruta e alta digestibilidade durante o período crítico das pastagens de tifton 85 (ROCHA et al., 2007; SCHMIDT et al., 2021).

A mistura de aveia e azevém é a mais amplamente utilizada, sendo que a aveia promove antecipação da utilização da pastagem, enquanto o azevém prolonga o ciclo pois apresenta desenvolvimento lento em temperaturas baixas, aumentando sua produção na primavera com a elevação da temperatura (FLOSS, 1988). Assim, a utilização da mistura dessas espécies resulta no aumento da produção e do período de utilização da pastagem (GUZATTI et al., 2015).

A sobressemeadura é uma técnica que possibilita o uso contínuo da pastagens durante o ano inteiro, intensificando a utilização do solo. As espécies forrageiras de inverno apresentam altas exigências hídrica e nutricional sendo necessário considerar esses requisitos para que a sobressemeadura seja implantada com êxito. Dessa forma, a adoção da técnica em áreas de baixa fertilidade e alta acidez não é recomendada, já que a produtividade será muito baixa, não trazendo retorno produtivo (MOREIRA, 2006). O manejo adequado da aplicação de fertilizantes é necessário para a obtenção de alta produção de forragem, minimizar problemas no estande e persistência da mistura de gramíneas.

A adubação deve ser direcionada no sentido de maximizar a eficiência de utilização de nutrientes pelas plantas, reduzindo custos de produção e ao mesmo tempo aumentando o rendimento das pastagens e minimizando a degradação dos recursos ambientais. O aproveitamento de resíduos agrícolas como a cama de aves para suprir nutrientes limitantes no solo em áreas de pastagens pode ser adequado e benéfico ao sistema de produção. Esses resíduos orgânicos podem ser alternativas interessantes na complementação de adubações químicas já que os adubos nitrogenados são altamente solúveis, não deixam efeito residual e aumentam a acidez do solo.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a produtividade, a composição botânica e o valor nutritivo em diferentes ciclos de coleta do capim tifton 85 exclusivo e sobressemeado com aveia preta solteira e consorciada com azevem, na ausência e na presença de adubações química e de cama de aves.

 

Material e métodos

O experimento foi conduzido na Estação Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EECN) situada no município de Campos Novos, nas coordenadas geográficas 27º23’2,96” latitude sul e 51º13’23,47” longitude oeste e altitude de 900 metros. O experimento foi instalado em área de pastagem perene implantada em outubro de 2017 através do plantio de estruturas vegetativas (estolões) de Tifton 85 (Cynodon dactylon). Os tratamentos foram testados em três anos consecutivos, 2018, 2019 e 2020.

O clima da região, segundo classificação de Köppen, é clima subtropical Cfb, ou seja, temperado com verão ameno e mesotérmico úmido com geadas severas e frequentes. Os elementos meteorológicos utilizados neste trabalho foram obtidos na Estação Meteorológica do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (CIRAM-EPAGRI) localizada na EECN. Os dados referentes as temperaturas máximas e mínimas, bem como os de precipitação observados durante o período experimental estão apresentados na tabela 1.

 

Tabela 1 – Precipitação (mm) e temperatura máxima e mínima (ºC) durante o período experimental.
Ano
Intervalo (dias)
Ciclos de pastejo
P (mm)
T. máx. (ºC)
T. mín. (ºC)
2018
07/06 a 07/08 (01-61)
1º ciclo (61 dias)
225,4
26,08
-0,20
08/08 a 04/09 (62-89)
2º ciclo (27 dias)
114,6
27,22
-0,99
05/09 a 03/10 (90-118)
3º ciclo (29 dias)
198,6
28,32
3,15
04/10 a 24/10 (119-138)
4º ciclo (20 dias)
252,4
27,90
7,47
2019
03/05 a 16/07 (01-44)
1º ciclo (44 dias)
383,0
27,28
5,10
17/07 a 22/08 (45-81)
2º ciclo (37 dias)
76,4
24,35
-2,87
23/08 a 17/09 (82 a 106)
3º ciclo (25 dias)
48,4
27,72
-2,43
18/09 a 22/10 (107 a 141)
4º ciclo (34 dias)
157,2
32,19
6,68
2020
07/05 a 25/06 (01-49)
1º ciclo (49 dias)
377,0
25,84
1,61
26/06 a 23/07 (50-77)
2º ciclo (27 dias)
140,6
24,18
-0,34
24/07 a 13/08 (78-100)
3º ciclo (22 dias)
136,6
29,97
-2,11
14/08 a 09/09 (101-127)
4º ciclo (27 dias)
53,8
31,62
8,52
Fonte: Ciram (2022).

 

O solo da área experimental é classificado como Nitossolo Vermelho eutrófico (EMBRAPA, 2013). Amostras de solo na camada de 0-20cm de profundidade foram coletadas  antes da implantação dos tratamentos nos três anos de condução do experimento. Os resultados das análises químicas do solo antes da implantação dos tratamentos nos anos de 2018/19 e 2020 são apresentados na tabela 2.

 

Tabela 2 – Caracterização química na camada de 0-20cm de profundidade do solo da área experimental.
Ano
pH em água
V (%)
MO(%)
P (mg dm3)
K (cmolc dm3)
2018
5,6
70
3,6
11,2
304
2019
5,7
75
3,9
6,5
341
2020
5,7
81
3,6
5,0
345
K- disponibilidade muito alta, P disponibilidade alta em 2018 e posteriormente disponibilidade média.

 

A área experimental foi composta por quatro piquetes de 34 m de largura e 44 m de comprimento (área total do piquete 1.496 m2), totalizando 5.984 m2 de pastagem de Tifton 85. O experimento consistiu de um fatorial 3×3 conduzido em delineamento experimental de blocos ao acaso, usando o esquema de parcelas sub-divididas, com o sorteio dos tratamentos principais (três níveis de forrageiras sobressemeadas) nas parcelas. Cada piquete foi dividido em três parcelas de 8,5 m de largura e 44 m de comprimento (área total de 374 m2) para a sobressemeadura das espécies anuais de inverno, duas com diferentes sobressemeaduras (aveia exclusiva, aveia preta consorciada com azevém) e uma somente com pastagem de Tifton 85. Cada parcela foi subdividida em três subparcelas nas quais foram sorteados os níveis de adubação (sem aplicação de adubação, aplicação de cama de aves e aplicação de fertilizante químico – NPK). A área de cada subparcela foi de 8,5 m de largura x 14,6 m de comprimento (área total de 124 m2). Os nove tratamentos testados consistiram na combinação de três níveis do fator adubação e três níveis do fator espécie forrageira sobressemeada, com 4 repetições, que totalizaram   36 unidades exprimentais.

A sobressemeadura da aveia e do azevém foi realizada com semeadora e adubadora de plantio direto dotada de discos duplos desencontrados para a deposição das sementes. O mecanismo de distribuição das sementes é o rotor acanalado e espaçamento de 17 cm entre linhas. A sobressemeadura das espécies forrageiras de inverno foi realizada com sementes com atestado de pureza e germinação dentro das normas estabelecidas para a comercialização e seguindo as densidades de semeadura estabelecidas e recomendadas pela pesquisa (MELHORAMENTO DE PASTAGENS, 2020). Foram utilizadas as densidades de 100 kg de sementes de aveia preta por hectare, 40 kg de sementes de azevém por hectare.

As cultivares utilizadas na sobressemeadura foram a aveia preta “Embrapa 139” (pureza mínima 96% e germinação 80%), o azevém “BRS Ponteio” (pureza mínima 95%, germinação 80%). A semeadura  das espécies anuais de inverno foi feita em 07 de junho de 2018, 03 de maio de 2019 e 07 de maio de 2020. A área experimental antes da realização da sobressemeadura foi submetida ao pastejo intensivo de vacas para a uniformização da massa vegetal e roçadas com máquina para o rebaixamento da pastagem perene de Tifton 85 na altura de 10 cm.

As doses de adubação química de N, P e K foram estabelecidas através da interpretação da análise de solo e seguiram as recomendações estabelecidas para gramíneas forrageiras de estação fria pelo Manual de calagem e adubação para os Estados do RS e SC (CQFS RS/SC, 2016). Assim, foram aplicados 100 kg ha-1 de P2O5 e 110 kg ha-1 de K2O no momento da semeadura das forrageiras de inverno. Foram utilizadas como fonte de P e K, o superfosfato triplo e cloreto de potássio, respectivamente. Foram aplicados de 20 kg ha-1 de N em cobertura, na forma de ureia, no início do perfilhamento e após cada pastejo,  totalizando 80 kg N por hectare aplicados em quatro pastejos.

A adubação orgânica foi realizada no momento da semeadura das forrageiras de inverno com a utilização de cama de aves como fonte de nutrientes, em quantidade suficiente para fornecimento de N, P2O5 e K2O em valores equivalentes aos fornecidos pela adubação química estabelecida. A cama de aves utilizada na adubação do experimento possuiu pH 8,4, umidade de 18% e teores de 2,95% de P2O5, 3,56% de K2O e 2,5% de N total. Assim, atendendo aos critérios descritos acima foi utilizada a dose de 4.000 kg ha-1 de cama de aves, no momento da semeadura.

O manejo de cortes para a avaliação da produção de massa da forragem foi realizado quando as plantas atingiram altura média de 30 cm na dobra das folhas mais altas. Foram amostrados três locais aleatórios nas subparcelas, com quadro amostral de 0,25 m2, sendo uma amostra destinada para a determinação da massa fresca e seca total de forragem, uma para a avaliação da composição botânica da pastagem e a outra para a separação das estruturas morfológicas das plantas. O quadro amostral foi posicionado em locais predeterminados, evitando-se coletar amostras sucessivas nas mesmas áreas. A forragem amostrada no interior do quadro foi cortada na altura de pastejo igual a 10cm. Após a coleta o rebaixamento do pasto foi feito com bovinos de produção leiteira. Durante o rebaixamento foi utilizada uma lotação equivalente a 20 unidades animais (lotação instantânea), na área de 1.496 m2 , em média, em todas as avaliações.

Foram realizados quatro pastejos nos três anos de avaliação com os períodos de crescimento a partir de maio até outubro (Tabela 1). O término dos cortes com pastagens sobressemeadas ocorreu quando 50% das plantas das parcelas apresentaram inflorescências ou não alcançaram a altura pretendida para o corte. A altura do dossel forrageiro foi mensurada utilizando-se uma régua graduada denominada sward stick (BARTHRAM, 1985).

Uma sub-amostra da massa verde colhida foi utilizada para a caracterização da composição botânica da pastagem, após a separação manual das espécies aveia, azevém  e tifton 85. Além disso, o material das forrageiras hibernais foi separado em três partes: lâminas foliares, colmos + bainhas e material morto+senescente. Posteriormente, as sub-amostras foram acondicionadas em saco de papel identificado e colocadas para secar em estufa com circulação de ar a 60 °C, por um período de 72 horas. Após secagem, as amostras foram pesadas novamente para obtenção do teor de matéria seca e produtividade de massa seca de aveia preta, azevém e tifton 85 por hectare. A outra sub-amostra foi utilizada para a determinação do rendimento total de massa fresca e seca de forragem produzida, em kg ha-1. Essa amostra após a secagem em estufa  e pesagem foi submetida a moagem para a determinação da qualidade bromatológica da pastagem. A composição bromatológica foi avaliada pelas frações proteína bruta (PB), fibra detergente neutro (FDN), fibra detergente ácido (FDA) e digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS), conforme Silva e Queiroz (2005). 

 

Análise estatística

 

Os dados experimentais foram submetidos à análise de variância (p≤0,05) e quando significativas as médias foram comparadas pelo teste de Scott – Knott (p≤0,05) com a utilização do programa estatístico SISVAR VERSÃO 5.6 (FERREIRA, 2010).

 

Resultados e discussão

 

Os efeitos das interações “espécies forrageiras sobressemeadas x formas de adubação x anos”, “espécies forrageiras sobressemeadas x formas de adubação”  e “formas de adubação x anos” não foram significativos para a produção de massa seca total de forragem. O efeito significativo da interação “espécies forrageiras sobressemeadas x anos” foi verificado para a produção total de massa seca das forrageiras anuais de inverno sobressemeadas em tifton 85 (Figura 1).

Considerando os tratamentos que consistiram de sobressemeadura, verificou-se o efeito do ano, sendo em 2018 a produção de forragem superior aos anos de 2019 e 2020. Na pastagem de tifton 85 não sobressemeada não ocorreu o efeito significativo do ano sobre a produção de massa seca acumulada (Figura 1).

 

Figura 1 – Massa seca total (kg ha-1)  em pasto  de tifton 85 exclusivo e sobressemeado com espécies forrageiras anuais de inverno nos três anos de avaliação. Médias seguidas por letras diferentes diferem significativamente entre si pelo teste de Scott-Knot (P<0,01).

 

A  avaliação  dos  efeitos  isolados dos fatores experimentais (espécies forrageiras sobressemeadas, formas de adubação e anos de cultivo) evidenciou  os  efeitos  específicos  das espécies sobressemeadas, da adubação e das condições climáticas sobre a produção de massa seca acumulada nos quatro pastejos (Figura 2).

 

Figura 2 – Produção de massa seca acumulada em quatro pastejos realizados em tifton 85 sobressemeado com espécies forrageiras anuais de inverno em função do ano de avaliação. p (F)<0,01 (valor p ANOVA); Erro Padrão=163,6 kg ha-1.

 

Também, verificou-se significância para o efeito isolado das espécies forrageiras sobressemeadas e formas de adubação sobre a produção de massa seca nos quatro cortes realizados nos três anos consecutivos de avaliações (Tabelas 3, 4 e 5).

No primeiro ano (2018) as avaliações iniciaram no inverno aos 61 dias após a sobressemeadura e 27 dias após a primeira avaliação, enquanto as avaliações na primavera foram com 29 e 20 dias de crescimento, respectivamente. No primeiro, segundo e terceiro períodos de crescimento a produtividade da forragem não diferiu entre a sobressemeadura exclusiva com aveia preta e azevém consorciado com a aveia, com contribuição  no 1º e 2º cortes variando de 780 a 998 kg MS ha-1 ciclo-1  e no 3º de aproximadamente 2.600 kg MS ha-1 ciclo-1  (Tabela 3). Apenas no quarto corte a produtividade de forragem foi superior na presença do azevém consorciado com a aveia preta em comparação a aveia exclusiva em sobressemeadura. A produção de massa seca total acumulada nos quatro cortes não diferiu entre a sobressemeadura exclusiva com aveia preta e  aveia consorciada com azevém. A disponibilidade de massa seca acumulada durante o período apresentou um acréscimo de até 58% (+3.400 kg MS ha-1) com a realização da sobressemeadura do tifton 85 quando comparado ao pasto não sobressemeado.

 

Tabela 3 – Produção de massa seca no primeiro, segundo. terceiro e quarto cortes e do acumulado total em função das espécies forrageiras sobressemeadas no tifton e tipos de adubação aplicadas no ano de 2018.
Espécies
Adubações
Média
Sem adubação
Cama de aves
NPK
Primeiro corte
Sem sobressemeadura
0
0
0
0 b
Aveia
895
1069
1.028
998 a
Aveia +azevém
657
1056
1.099
937 a
Média
517 b
708 a
709 a
Segundo corte
 
Sem sobressemeadura
82
151
169
134 b
Aveia
604
824
919
779 a
Aveia +azevém
765
797
956
783 a
Média
484 b
591 a
681 a
 
Terceiro corte
Sem sobressemeadura
1.088
1.111
1.688
1.296 b
Aveia
1.906
2.529
3.334
2.590 a
Aveia +azevém
2.086
2.808
3.162
2.685 a
Média
1.693 c
2.149b
2.728a
 
Quarto corte
Sem sobressemeadura
1.099
859
1.338
1.099 b
Aveia
1.000
1.111
986
1.032 b
Aveia +azevém
1.206
1.512
1.655
1.458 a
Média
1.101b
1.160b
1.326a
Acumulado de 4 cortes
Sem sobressemeadura
2.269
2.002
3.196
2.489 b
Aveia
4.300
5.534
5.944
5.294 a
Aveia +azevém
4.405
5.868
6.371
5.513 a
Média
3.658c
4.468b
5.170a
Médias seguidas por letras diferentes diferem significativamente entre si pelo teste de Scott-Knot (P<0,01).

 

No ano de 2018, a produtividade de massa seca de forragem no primeiro e segundo períodos de crescimento não diferiu com a aplicação de fertilizante químico (NPK) ou cama de aves como fontes de nutrientes (Tabela 3).  Entretanto, foi significativo o aumento na produtividade de MS de forragem quando comparado o uso dessas adubações com o pasto sem adubação. No 1º corte ocorreu um incremento na produção de MS de 30% para ambas as formas de adubações. No 2º corte a adubação química promoveu aumento de 30%, e, com o uso da cama de aves ocorreu acréscimo de apenas 18%. No terceiro corte a adubação química promoveu o incremento de 1 tonelada de MS de forragem  ha-1.

A adubação química (com NPK) promoveu uma produção de MS total de forragem acumulada nos 4 cortes significativamente superior a obtida com o uso de cama de aves e sem adubação. Esse  acréscimo  na produtividade representou 30% quando comparada com a produtividade atingida pela pastagem sobressemeada não adubada.

A dinâmica produtiva dos pastos é influenciada pelas variações climáticas que ocorrem durante o seu período de crescimento. No segundo ano (2019)  de avaliações da sobressemeadura, as condições climáticas favoreceram a permanência do tifton 85 no pasto, o que prejudicou o estabelecimento da aveia e do azevém, e, ocasionou a redução na resposta produtiva (Tabela 4).

 

Tabela 4 – Produção de massa seca no primeiro, segundo. terceiro e quarto cortes e do acumulado total em função das espécies forrageiras sobressemeadas no tifton e tipos de adubação aplicadas no ano de 2019.
Espécies
Adubações
Média
Sem adubação
Cama de aves
NPK
Primeiro corte
Sem sobressemeadura
181
291
227
233ns
Aveia
273
240
236
250
Aveia +azevém
228
292
379
305
Média
227b
274a
280a
Segundo corte
 
Sem sobressemeadura
263
279
382
308b
Aveia
218
329
422
323b
Aveia +azevém
370
376
669
472a
Média
283b
328b
491a
 
Terceiro corte
Sem sobressemeadura
199
212
354
255c
Aveia
285
433
532
417b
Aveia +azevém
425
454
737
539 a
Média
303b
366b
541a
 
 
Quarto corte
Sem sobressemeadura
723
1.241
1.825
1.263ns
Aveia
481
1.215
1.321
1.006
Aveia +azevém
691
1.898
1.716
1.435
Média
631b
1.451a
1.620a
Acumulado de 4 cortes
Sem sobressemeadura
1.366
2.024
2.788
2.059b
Aveia
1.258
2.217
2.511
1.996b
Aveia +azevém
1.715
3.039
3.502
2.752a
Média
1.446c
2.426b
2.933a
Médias seguidas por letras diferentes diferem significativamente entre si pelo teste de Scott-Knot (P<0,01).

 

No primeiro corte o tifton ainda representava 70% (sem adubação) e 35% (com adubações) da composição botânica do pasto sobressemeado (Figura 3). O rebaixamento do tifton realizado no período anterior a sobressemeadura não foi eficiente para permitir a adequada implantação e desenvolvimento das espécies de inverno. Isso ocorreu pois as condições climáticas (temperatura mais elevada, ausência de geadas  e condições de adequada disponibilidade hídrica) aliadas a adubação de implantação das anuais de inverno favoreceram o rápido rebrote do tifton, que ocasionou a competição pela luz e dificultou o desenvolvimento das espécies de inverno sobressemeadas.

No primeiro e quarto períodos de crescimento do pasto não verificou-se efeito significativo da sobressemeadura de aveia preta e do azevém na produtividade de MS de forragem (Tabela 4). No segundo e terceiro períodos de crescimento produções maiores de MS dos pastos foram obtidas com a sobressemeadura do azevém consorciado com a aveia preta. Nestes cortes verificou-se efeito significativo da sobressemeadura  de ambas as espécies na produtividade de MS com acréscimos de 35 e 50% em comparação ao tifton não sobressemeado. No entanto,  as produtividades  no 1º, 2º e 3º períodos de crescimento das forrageiras sobressemeadas foram baixas e  variaram de 233 a 539 kg de MS ha-1. O motivo da baixa produção de forragem nesse período do inverno/primavera também está relacionado com o déficit hídrico ocorrido principalmente nos meses de junho (20mm), julho (81mm) agosto (12mm) e setembro (64mm).

A produção de massa seca total acumulada nos quatro cortes diferiu significativamente entre a sobressemeadura exclusiva com aveia preta e  aveia consorciada com azevém. A disponibilidade de massa seca acumulada durante o período apresentou um acréscimo aproximado de 25% (+ 700 kg MS ha-1) devido a adoção do azevém consorciado com a aveia na sobressemeadura do tifton quando comparado ao pasto não sobressemeado ou sobressemeado exclusivamente com aveia.

Estudos conduzidos por Moreira et al., (2006)  e Castagnara et al., (2012) também mostraram que a sobressemadura de aveia em capins do gênero Cynodon nem sempre incrementa, de maneira expressiva a produtividade de matéria seca da forragem. Pesquisas com sobressemeadura de  forrageiras de inverno em Cynodon conduzidas com e sem irrigação, mostraram incrementos de 50% do total de forragem produzida pela aveia quando irrigada (MOREIRA et al., 2006, SILVA et al., 2012).

A produção de MS total de forragem acumulada  nos 4 cortes  com a adubação química (NPK)  foi significativamente superior a obtida com o uso de cama de aves e sem adubação. Esse  acréscimo  na produtividade representou 20%  e 50%  quando comparada com a atingida pela pastagem sobressemeada adubada com cama de aves e  não adubada, respectivamente.

Em 2020, as quatro avaliações foram realizadas durante o inverno e iniciaram aos 49 dias após a sobressemeadura, seguidas por cortes em intervalos de 27, 22 e 27 dias, respectivamente. A produtividade da forragem diferiu de forma significativa entre a sobressemeadura exclusiva com aveia preta e consorciada com azevém no 1º, 2º, 3º e 4° crescimentos e na massa seca total acumulada no período (Tabela 5). A introdução do azevém na sobressemeadura do tifton 85 mostrou-se fundamental em anos com disponibilidade hídrica insuficiente no período do inverno/primavera pois garantiu um incremento de 25% (+650 kg MS ha-1) na produção de MS total em comparação com a sobressemeadura exclusiva com aveia preta.

A produção de massa de forragem acumulada nos 4 períodos de crescimento nos anos de 2019  e 2020 com a sobressemeadura de aveia e azevém consorciados representou apenas 50% da obtida em 2018 (redução de até 2.800 kg MS ha-1) . Isso ocorreu devido ao período de estiagem enfrentado durante o inverno e primavera nesse dois anos, aonde a disponibilidade hídrica foi pequena e irregular (Tabela 1).

 

Tabela 5 – Produção de massa seca no primeiro, segundo. terceiro e quarto cortes e do acumulado total em função das espécies forrageiras sobressemeadas no tifton e tipos de adubação aplicadas no ano de 2020.
Espécies
Adubações
Média
Sem adubação
Cama de aves
NPK
Primeiro corte
Sem sobressemeadura
242
395
398
345b
Aveia
149
463
415
342b
Aveia +azevém
353
543
496
464a
Média
248b
467a
436a
Segundo corte
 
Sem sobressemeadura
570
583
603
586b
Aveia
314
612
778
568b
Aveia +azevém
866
757
890
837a
Média
583b
650b
757a
 
Terceiro corte
Sem sobressemeadura
354
573
621
516b
Aveia
218
677
765
553b
Aveia +azevém
608
566
905
693a
Média
393c
605b
763a
 
 
Quarto corte
Sem sobressemeadura
170
333
476
326c
Aveia
208
454
913
525b
Aveia +azevém
316
631
988
645a
Média
231c
472b
792a
Acumulado de 4 cortes
Sem sobressemeadura
1.336
1.884
2.099
1.773b
Aveia
891
2.206
2.872
1.989b
Aveia +azevém
2.143
2.449
3.278
2.640a
Média
1.456c
2.179b
2.749a
Médias seguidas por letras diferentes diferem significativamente entre si pelo teste de Scott-Knot (P<0,01).

 

A resposta das pastagens sobressemeadas às formas de adubação foi semelhante ao obtido em 2019, ou seja, a adubação química (NPK) proporcionou produtividades significativamente superiores em comparação ao uso de cama de aves e sem adubação ao longo dos ciclos de pastejo e na produção total acumulada no período (Tabela 5). Esse  acréscimo  na produção acumulada representou 20%  e 50%  quando comparada com pastagem sobressemeada adubada com cama de aves e  não adubada, respectivamente.

A utilização da adubação química mostrou-se muito importante na garantia de maiores produções de massa seca de forragem das espécies sobressemeadas no outono/inverno especialmente nos anos de estiagens. Em sistuações de baixa disponibilidade hídrica, e consequentemente, menor umidade no solo o desempenho da cama de aves não foi eficiente no fornecimento de nutrientes visando atingir altas produtividades de forragem. Isso ocorreu pois a disponibilidade e a eficiência de uso dos nutrientes minerais da cama de aves pelas forrageiras é de difícil previsão, uma vez que depende dos processos de mineralização e perdas (SISTANI et al., 2008), que por sua vez são influenciados por fatores climáticos e do solo.

Diferentemente dos adubos químicos, nos estercos os nutrientes minerais, principalmente o N, possuem uma liberação mais lenta, dependente da mineralização da matéria orgânica (BERTON, 1997). Por isso, para uma correta definição da dose adequada de aplicação desses estercos é fundamental o conhecimento da dinâmica de disponibilização dos nutrientes minerais para as culturas. Sistani et al. (2010) observaram a média geral de mineralização do N da cama de frango no primeiro ano após a aplicação foi de 59,5% em Cynodon dactylon variedade comum. Estudos realizados por Sistani et al. (2008) mostraram que a disponibilidade de N da cama de aves é de 50, 30 e 20% no primeiro, no segundo e nos anos seguintes, respectivamente. Adami (2012) verificou que a liberação do N da cama de aves foi de 25, 57 e 84% após 30, 180 e 365 dias da aplicação do adubo, respectivamente. A decomposição apresentou uma fase inicial mais rápida seguida de outra mais lenta. A heterogeneidade da composição química da cama, assim como as condições ambientais, pode ajudar a explicar tais variações nas taxas de mineralização e liberação do N.

A composição botânica dos pastos de tifton 85 sobressemeados com aveia preta exclusiva ou consorciada com azevém foi diferente ao longo dos ciclos de crescimento nos três anos de avaliações, e isso ocorreu devido às distintas condições climáticas ocorridas no período de 2018 a 2020 (Figura 3). No ano de 2018 ocorreram condições de adequada disponibilidade hídrica e temperaturas baixas a partir da implantação da sobressemeadura (mês de maio), que favoreceram a maior participação da aveia preta no primeiro e segundo cortes quando comparado ao tifton 85 e azevém. No 3º e 4º cortes a participação da aveia decresceu na composição do pasto, pois o alongamento das hastes em decorrência do florescimento observado a partir de setembro, ocasionou uma intensa eliminação dos meristemas apicais através do pastejo dos animais que comprometeu a rebrota. O uso da adubação química favoreceu a produção de massa do azevém no 3º e 4º cortes pois ele representou 65% da composição do pasto, enquanto na adubação com cama e sem adubação o azevém  representou apenas 40% do pasto. No quarto corte, as temperaturas adequadas para o crescimento do tifton 85 resultaram em aumento na participação dessa forragem na composição botânica e na produção de MS total disponível (Figuras 3A e 3B).

A menor proporção de massa de aveia preta em relação a de tifton foi observada no 1º corte do pasto em 2019 (Figura 3C). Além disso, a produção de massa seca das forrageiras nesse período de crescimento foi baixa, variou entre 230 e 300 kg ha-1 (Tabela 4), o que pode ser explicado pelo comprimento do dia e pelo fato de a temperatura mínima (5°C) não ter sido suficientemente baixa para propiciar o crescimento das espécies de inverno, ao mesmo tempo que, limitava o crescimento do tifton 85. Essa condição favoreceu o crescimento das plantas invasoras que representaram a maior porção da composição botânica do pasto na situação em que a sobressemeadura foi realizada exclusivamente com aveia (Figura 3C).

No pasto sobressemeado com o consórcio de aveia preta e azevém ocorreu o predomínio do azevém na composição nos quatro cortes realizados (Figura 3D). Em relação à proporção de invasoras, a incidência foi baixa em todas as avaliações do tifton sobressemeado com azevém +aveia, tal fato evidencia a capacidade de competição dessa forrageira.

No ano de 2020, no pasto sobressemeado com aveia exclusiva, a aveia teve a maior participação na disponibilidade total de forragem durante os 4 períodos (Figura 3E). A participação média da aveia foi de 70%, 60%, 50% e 46% nos 1º, 2º, 3º e 4° cortes, respectivamente. Na pastagem sobressemeada com cultivo consorciado de aveia e azevém, a aveia foi responsável por 60%, 40%, 30% e 20%, enquanto o azevém contribuiu com 5%, 20%, 30% e 70% da produção total de forragem, nos 1º, 2º, 3º e 4º cortes, respectivamente (Figura 3F).

 

Figura 3 – Composição botânica dos pastos de tifton 85 sobressemeado com aveia exclusiva e consorciada com azevém adubadas com cama de aves, adubação química e sem adubação, no período experimental de 2018-2020.

 

Esses resultados mostraram que a aveia é uma espécie mais precoce que o azevém e a concentração da sua produção ocorreu no início do período de utilização da pastagem. Além disso, a redução do percentual de participação das lâminas foliares da aveia já no segundo crescimento (Tabela 6) pode ser atribuída ao comportamento seletivo dos animais, pois a arquitetura e a disposição das folhas da aveia permitem maior participação em camadas mais altas na estrutura da vegetação. Segundo Rocha et al. (2007)  essas características facilitam o pastejo dos pontos de crescimento desta espécie, que, aliado ao seu ciclo curto, promove a emissão de perfilhos em número e velocidade insuficientes para recuperação rápida da estrutura da pastagem. O azevém apresentou desenvolvimento inicial lento, mas superou, em quantidade de forragem a aveia até o final da primavera (4º corte).     

 

Tabela 6 – Proporção média de lâminas foliares, colmos+bainhas e material senescente ao longo de quatro períodos de crescimento da aveia preta e azevém sobressemeados em tifton 85, nos três anos avaliados.
Espécie
Corte
Lâminas foliares
Colmos +bainhas
Mat. senescente
————– % ————-
Aveia preta
1ºC
87
10
3
2ºC
67
21
12
3ºC
42
45
13
4ºC
35
48
17
Azevém
1ºC
98
2
0
2ºC
85
12
3
3ºC
57
41
2
4ºC
60
39
1

 

Não houve diferença entre tratamentos, quanto a proporção de lâminas foliares, colmos e material senescente das espécies forrageiras de inverno sobressemeadas. Apenas, o avanço do período de utilização da pastagem e sua aproximação com o florescimento promoveu o alongamento dos entrenós, e consequentemente, maior proporção de colmos na massa dessas espécies (Tabela 6).

A qualidade bromatológica do pasto foi alterada pelo efeito da interação “sobressemeadura x adubação” tanto no 1° e 2º quanto no 3º e 4º cortes (Tabela 7). As médias percentuais de PB na forragem oriunda dos tratamentos adubados com NPK e sobressemeados com aveia preta exclusiva (21%) e consorciada com azevém (18%) foram significativamente superiores ao pasto não adubado, adubado com cama de aves e sem sobressemeadura nos 2 cortes iniciais.  No 3° e 4° cortes as maiores concentrações de PB também ocorreram nas pastagens de tifton sem sobressemeadura e sobressemeadas com azevém adubadas com NPK. A adubação química promoveu maiores concentrações de nitrogênio nas lâminas foliares, e os maiores teores de PB nessas pastagens são explicados pela maior participação de folhas nestes tratamentos.

A sobressemeadura de aveia e azevém juntamente com a adubação química mostraram  efeito significativo sobre a DIVMS do pasto, que foi superior ao pasto não sobressemeado e não adubado. Isso ocorreu pois o pasto adubado e sobressemeado possui mais plantas em desenvolvimento ontogênico, portanto, fisiologicamente mais novas e mais digestíveis do que o pasto de tifton exclusivo, ou não adubado. A sobressemeadura do tifton 85 com anuais de inverno garantiu o aumento na proporção de tecido mais digestível, como o mesófilo, durante o período de inverno e primavera.

Os valores médios de FDN no pasto de tifton sobressemeado foram inferiores ao tifton em cultivo extreme nos 2 cortes iniciais. No 3º e 4º cortes não foram verificadas diferenças nos teores de FDN e FDA. O avanço do período de utilização do pasto e a aproximação da época do florescimento promoveram o alongamento dos entrenós, e consequentemente, maior proporção de colmos na composição das pastagens (Tabela 6). Os colmos possuem maior teor de MS e de FDN se comparados as lâminas foliares o que explica a ausência do efeito da sobressemeadura.

 

Tabela 7 – Valor nutritivo médio (%) do tifton 85 com e sem sobressemeadura de aveia preta e aveia preta +azevém, a cada 2 ciclos de pastejo, com adubação química, cama de aves e sem adubação, nos três anos avaliados.
Sobressemeadura
Adubação
PB
DIVMS
FDN
FDA
           1º e 2º cortes
Tifton
Sem adubação
15b
58c
65a
27a
Tifton
Cama de aves
15b
54c
68a
29a
Tifton
Químico
15b
55c
68a
29a
Aveia preta
Sem adubação
15b
60b
56b
26a
Aveia preta
Cama de aves
17b
75a
47c
23b
Aveia preta
Químico
21a
70a
52b
23b
Aveia preta+azevém
Sem adubação
16b
65b
56b
26a
Aveia preta+azevém
Cama de aves
16b
70a
49c
23b
Aveia preta+azevém
Químico
18a
76a
46c
22b
        3 e 4º cortes
Tifton
Sem adubação
15b
65b
  60 ns
30ns
Tifton
Cama de aves
17b
62b
60
29
Tifton
Químico
19a
69a
56
28
Aveia preta
Sem adubação
13b
75a
58
29
Aveia preta
Cama de aves
13b
74a
57
31
Aveia preta
Químico
17b
74a
54
28
Aveia preta+azevém
Sem adubação
13b
71a
60
32
Aveia preta+azevém
Cama de aves
17b
72a
57
30
Aveia preta+azevém
Químico
18a
71a
56
30
Médias seguidas por letras diferentes diferem significativamente entre si pelo teste de Scott-Knot (P<0,01).

 

Conclusão

 

O estabelecimento de aveia preta e azevém por sobressemeadura  com o uso de adubação química em pastagem de tifton 85 promoveu o aumento da produção de massa seca de forragem aos animais em pastejo, com conteúdo maior de proteina bruta e DIVMS e menor FDN.

A produção de massa seca das espécies sobressemeadas foi afetada pelas condições climáticas ocorridas ao longo dos 3 anos. Nos anos de 2019 e 2020 devido a ocorrência de estiagens no inverno e primavera, a produção acumulada de forragem não atingiu 50% da produção alcançada no ano de 2018.

Em ano com condições climáticas favoráveis (2018)  para a sobressemeadura do pasto, a produção de massa de forragem não diferiu com o uso exclusivo de aveia preta ou desta consorciada com azevém.  Nesta condição, a sobressemeadura aumentou a produção de MS de forragem em 58% (+3.400 kg MS ha-1) quando comparado ao pasto não sobressemeado. Nos anos com estiagens durante o inverno o uso do azevém consorciado com a aveia se mostrou necessário para garantir o aumento de aproximadamente 30% de MS acumulada de forragem.

 

Conflitos de interesse

 

Não houve conflito de interesses dos autores.

 

Contribuição do autor

 

Fabiana Schmidt – ideia original, análise estatística dos dados e escrita.

           

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Recebido em 24 de fevereiro de 2022

Retornado para ajustes em 26 de abril de 2022

Recebido com ajustes em 28 de abril de 2022

Aceito em 26 de maio de 2022