Diferentes substratos na produção de mudas de pimenta malagueta em Araguatins, Tocantins

Revista Agrária Acadêmica

agrariacad.com

doi: 10.32406/v6n4/2023/67-77/agrariacad

 

Diferentes substratos na produção de mudas de pimenta malagueta em Araguatins, Tocantins. Different substrates in the production of chili pepper seedlings in Araguatins, Tocantins.

 

David Barbosa Araújo1, Roberta de Freitas Souza Lobo2, Geslanny Oliveira Sousa3, Francisco de Assys Romero da Mota Sousa4, Bruna Morais Alves5, Jossimara Ferreira Damascena6, Pedro Luid de Sousa Oliveira7

 

1- Agronomia – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins – IFTO – Campus Araguatins/TO – Brasil. E-mail: drdavidb02@hotmail.com
2- Doutora em Agronomia – Produção Vegetal – Universidade Federal do Goiás – UFG – Brasil. E-mail: robertafreitas@ifto.edu.br
3- Mestre em Agricultura e Meio Ambiente – Universidade Estadual do Maranhão – UEMA – Balsas/MA – Brasil. E-mail: geslannyoliveira1@gmail.com    
4- Engenharia Agronômica – Universidade Federal da Paraíba – UFPB – Campus II – Areia/PB – Brasil. E-mail: assis.agronomia@gmail.com
5- Biologia – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins – IFTO – Campus Araguatins/TO – Brasil. E-mail: bma14091996@gmail.com
6- Doutorando em Agronomia – Universidade Estadual de Londrina – UEL – Londrina/PR – Brasil. E-mail: jossi_agro@hotmail.com
7- Mestre em Agronomia – Universidade Federal de Jataí – UFJ – Campus Jatobá/GO – BRASIL. E-mail: pedrrooliveirasousa@outlook.com

 

Resumo

 

A qualidade na produção de mudas é um importante fator a ser considerado em sistema de produção de hortaliças. Diante disto, o objetivo do estudo foi avaliar o efeito de diferentes substratos orgânicos alternativos na produção de mudas de pimenta malagueta nas condições de Araguatins, Tocantins. Os Tratamentos consistiram dos seguintes substratos: T1: 100% de terra preta, T2: 100% de substrato comercial (Basaplant®), T3: 50% de terra preta + 50% esterco caprino, T4: 50% de terra preta + 50% esterco suíno, T5: 100% composto orgânico. O substrato Basaplant® proporcionou mudas de menor qualidade. Dos substratos alternativos, o composto orgânico, proporcionou o melhor desenvolvimento das mudas de pimenta.

Palavras-chave: Capsicum frutescens L. Substrato. Esterco suíno. Esterco caprino.

 

 

Abstract

 

The quality of seedling production is an important factor to be considered in a vegetable production system. In view of this, the objective of the study was to evaluate the effect of different alternative organic substrates on the production of chili pepper seedlings in the conditions of Araguatins, Tocantins. The treatments consisted of the following substrates: T1: 100% terra preta, T2: 100% commercial substrate (Basaplant®), T3: 50% terra preta + 50% goat manure, T4: 50% soil black + 50% swine manure, T5: 100% organic compost. The Basaplant® substrate provided lower quality seedlings. Of the alternative substrates, the organic compost provided the best development of pepper seedlings.

Keywords: Capsicum frutescens L. Substrate. Pig manure. Goat manure.

 

 

Introdução

 

A pimenta-malagueta (Capsicum ssp.) é um arbusto pequeno pertencente à família das solanáceas, nativo de regiões tropicais e muito cultivada no Brasil que apresenta mais de 150 variedades. O arbusto possui flores alvas e frutos vermelhos bastante picantes, utilizados como condimento e excitantes do aparelho digestivo, sendo utilizados na América Latina desde a época pré-hispánica (SANTOS et al., 2008). A espécie (Capsicum frutescens L.) está entre as principais olerícolas produzidas no Brasil, sendo cultivado em grande parte dos estados. É uma hortaliça bastante versátil quanto ao seu consumo, podendo ser ingerido tanto verde quanto maduro (OLIVEIRA, 2011).

As pimentas do gênero Capsicum são especiarias originárias do continente americano (LUZ, 2007), sendo cultivadas atualmente em regiões tropicais e temperadas de todo o mundo, como especiaria ou hortaliça. Constituem um grupo muito peculiar pelo seu sabor, “doce” ou picante e por estimular as funções digestivas, sendo parte da dieta de um quarto da população do planeta nas formas de pó, seca ou em conservas (TEIXEIRA, 1996).

A sua propagação é feita através de sementes e outras técnicas e dentre os fatores necessários para o crescimento da planta e formação das mudas, destaca-se a água como o mais limitante fator da produtividade agrícola, porque atua nos diversos processos metabólicos, que culminam no desenvolvimento vegetal e, posteriormente, a nutrição de plantas (DIAS et al., 2012; BEZERRA et al., 2019).

Dentro dos conceitos modernos de produção de hortaliças, produzir mudas de alta qualidade é uma das etapas mais importantes do sistema produtivo. Além de outras técnicas, a utilização dessas mudas torna a exploração olerícola mais competitiva e, consequentemente, mais rentável (REGHIN et al., 2007). Ao observar a parcela dos agricultores que se dedicam hoje à produção de mudas, nota-se que há ainda grande carência de informações, principalmente no que diz respeito ao manejo das mudas, envolvendo assuntos como substratos, e outras formas de nutrição de plantas (ARAÚJO, 2003).

 Na produção de mudas é desejável que as mesmas apresentem maior crescimento foliar, já que as folhas realizam processos de conversão de energia luminosa em energia química, essencial para seu crescimento e desenvolvimento (TAIZ; ZEIGER, 2004; MARENCO; LOPES, 2005). Assim, ao serem transplantadas para o campo, essas mudas apresentarão melhores condições de desenvolvimento (DANTAS, 1997).  Nesse sentido, o trabalho teve por objetivo, a utilização de diferentes substratos para avaliar o crescimento e desenvolvimento de mudas de pimenta malagueta.

 

Material e métodos

 

O experimento foi conduzido em estufa no setor de Olericultura do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO) – Campus Araguatins, localizado no povoado Santa Tereza, 5 Km, Zona Rural, Araguatins – TO. As coordenadas geográficas são 05° 39’ 00” de latitude Sul, 48° 04’ 25” de longitude Oeste, com altitude 103 m. A precipitação média anual na região é de 1.500 mm, a temperatura média anual se encontra em torno de 26,4 °C (INMET, 2022). O clima de acordo com a classificação de Köppen é do tipo Aw, caracterizado por estação chuvosa no verão e seca no inverno (ROLDÃO; FERREIRA, 2019).

O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados com cinco tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram originados da utilização individual e da mistura de diferentes substratos, conforme descritos na Tabela 1.

 

Tabela 1 – Descrição dos substratos e suas respectivas proporções em porcentagem para cada tratamento, Araguatins, Tocantins, 2022.
Tratamentos
Substratos
T1
100% de terra preta (TP)
T2
100% de Substrato comercial (SC)
T3
50% de terra preta + 50% esterco caprino (TC)
T4
50% de terra preta + 50% esterco suíno (TS)
T5
100% de Composto orgânico (CO)

 

As sementes foram adquiridas de frutos coletados no IFTO, posteriormente após a coleta, as sementes foram colocadas para secar por duas horas à sombra, e em seguida foi realizado o tratamento de seleção da semente que estava apta para o plantio, deixando as mesmas em um recipiente com água por meia hora, logo após foram retiradas todas as sementes que estavam na superfície da água, pois essas sementes apresentavam alguns defeitos fisiológicos assim sendo descartadas. A escolha desta cultura se justifica pelo fato de a mesma apresentar características desejadas pelo mercado consumidor local, de forma in natura ou processada.

A semeadura foi realizada em bandejas de polietileno com 128 células. As bandejas possuem as dimensões 53 x 27 x 5 cm com capacidade de 2,88 L, cada célula possui formato cônico com diâmetro superior de 3 cm e inferior 0,8 cm e volume de 22,5 ml. Cada parcela consistiu-se em 32 células, e a parcela útil foram as 5 células centrais.

Utilizou-se a terra preta como testemunha, extraída do IFTO, Campus Araguatins. O substrato comercial utilizado foi o Basaplant®, doado pelo IFTO.

O esterco suíno e caprino curtido foi obtido nas granjas do IFTO, Campus Araguatins, e foi misturado com terra preta na proporção de 50% por 50%, em que o esterco suíno e caprino foram peneirados para diminuir o tamanho dos torrões de esterco, logo após foi peneirada a terra preta, e misturado na proporção acima citado. 

O composto orgânico foi preparado no Setor Viveiro do IFTO, Campus Araguatins, sendo utilizados como materiais: esterco bovino, esterco de ovino, cama de frango, restos de comida do refeitório da instituição, grama cortada, palha de milho. A pilha da Compostagem foi montada no dia 09/03/2022 formando camadas no setor de olericultura. A Compostagem foi revolvida e molhada sempre que necessário. Por volta dos 100 dias o composto atingiu seu estágio final de maturação. 

A produção dos substratos foi realizada conforme os tratamentos descritos anteriormente. Em cada substrato foi retirada uma amostra para realização da análise química, que foi realizada no Laboratório de Solos do IFTO, Campus Araguatins. Na Tabela 2 está descrito a concentração de elementos químicos presentes nos substratos utilizados.

As parcelas experimentais foram preenchidas com os substratos conforme seus respectivos tratamentos. As bandejas foram colocadas sobre bancadas para facilitar o manuseio. A semeadura foi realizada no dia 26 de setembro de 2022, com profundidade de 0,1 cm, onde foram colocadas 02 sementes por célula as sementes foram adquiridas de frutos.

 

Tabela 2 – Caracterização química dos substratos utilizados, Araguatins, Tocantins, 2022.
                                     P         K       Ca      Mg       Al      H+Al      S           T          V%        M.O.
Tratamentos pH em
H2O     –mg/dm3—        ——————-cmolc/dm3—————                                                      %
T1
8.0
176.00
189
36.5
8
0.0
0.00
44.98
44.98
100.00
2.45
T2
5.4
87.12
201
6.3
3
0.2
10.73
9.81
20.54
47.78
9.89
T3
7.6
182.60
632
31
4,8
0.0
0.00
37.42
37.42
100.00
5.54
T4
8,2
169,4
705
28.2
3.6
0.0
0.00
33.60
33.60
100.00
3.65
T5
7,5
184.80
1303
9
5,2
0.0
0.00
17.53
17.53
100.00
1.58
Fonte: Laboratório de Solos, IFTO – Campus Araguatins. T1: 100% TP (terra preta); T2: 100% SC (substrato comercial); T3: 50% + 50% TC; T4: T3: 50% + 50% TS; T5: 100% CO.

 

Foi feito um desbaste, dia 21 de outubro de 2022 deixando apenas uma planta por célula.  A irrigação foi realizada duas vezes por dia por aspersão, às 8 horas da manhã e no final da tarde.

Foram realizadas as análises de cinco plântulas da área útil de cada parcela, as análises foram realizadas aos 30 dias após semeadura e foram analisadas as seguintes características: 

a) Número de folhas por plântula (NFP): foi determinado pela contagem direta das folhas totalmente desenvolvidas de cada plântula da área útil.

b) Altura de plântula (AP): para determinar a altura das plântulas foi utilizada uma régua graduada em cm, medindo-se do colo da plântula até o ápice.

c) Comprimento da raiz (CR): foi mensurado o intervalo do colo da muda até a ponta da raiz mais longa, utilizando-se uma régua graduada em cm;

d) Diâmetro do colo (DC): foi realizado com auxílio de um paquímetro digital, medindo-se o colo de cada plântula da área útil.

e) Massa fresca da raiz (MFR) e da parte aérea (mg) (MFPA): para obtenção da massa fresca da raiz, todas as mudas da área útil foram cortadas na altura do colo, as raízes foram destorroadas, lavadas e secas em papel toalha e posteriormente pesadas em balança analítica de precisão. A parte aérea foi pesada logo após a separação das raízes para determinação da massa fresca.

f) Massa seca da raiz (MSR) e da parte aérea (mg) (MSPA): após pesagem das massas frescas, as partes tanto aéreas quanto raízes foram acondicionadas em sacos de papel e levadas para estufa de circulação forçada de ar, com temperatura 65ºC por 72 horas para secagem e depois foram pesadas para obtenção da massa seca (PELIZZA et al., 2013; MONTEIRO NETO et al., 2016).

Os dados foram submetidos a análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott (p≤0,05), com auxílio do programa estatístico SISVAR.

 

Resultados e discussão

 

Observou-se a partir da análise estatística dos dados que houve diferença significativa entre os diferentes substratos utilizados para as variáveis número de folhas por plântula (NFP), altura de plântula (AP) e comprimento de raiz (CR), exceto para diâmetro do colo (DC). Para a variável número de folhas por plântula observou-se que o composto orgânico (CO) obteve a maior média (5,15 unidades), em contrapartida o substrato comercial apresentou o menor índice de produção de folha apresentando apenas os cotilédones (Tabela 3).

 

Tabela 3 – Número de folhas por plântula (NFP), altura de plântula (AP), comprimento de raiz (CR) e diâmetro do colo (DC) de mudas de pimenta malagueta, produzidas em diferentes substratos em Araguatins, Tocantins, 2022.
Tratamentos
Substratos
NFP (um)
AP
(cm)
CR
(cm)
DC
(mm)
T1
100% de terra preta
3,05 c
2,80 b
9,75 a
1,40 a
T2
100% de Basaplant®
0,00 d
1,95 c
4,65 c
0,95 a
T3
50% de terra preta + 50% esterco caprino
2,95 c
3,05 b
7,20 b
1,05 a
T4
50% de terra preta + 50% esterco suíno 
4,35 b
4,20 a
10,15 a
1,05 a
T5
100% de composto orgânico
5,15 a
4,55 a
11,25 a
1,20 a

 

Observou-se que o tratamento constituído pelo uso de 100% de Basaplant® apresentou as menores médias em todos as variáveis em relação aos outros tratamentos constituídos pelas proporções de substrato orgânico. De acordo com Araújo Neto et al. (2009), as fontes orgânicas são componentes que promovem aumento do teor de matéria orgânica e de nutrientes, consequentemente, maiores quantidades de nutrientes irão estar disponíveis para o desenvolvimento das plântulas. 

Para melhor visualização dos resultados foram elaboradas figuras, no Microsoft Excel (2016), dos resultados das respectivas variáveis.

A Figura 1 apresenta o resultado das médias do número de folhas dos tratamentos utilizados.

 

Substratos
Figura 1 – Variável número de folhas por muda de pimenta malagueta. TP: 100% de terra preta; SC: 100% de Substrato comercial; TC: 50% de terra preta + 50% esterco caprino; TS: 50% de terra preta + 50% esterco suíno; CO: 100% de Composto orgânico.

 

Para efeito de comparação com a Figura 1, Silva et al. (2017), ao avaliarem produção de mudas de pimentão submetidas a diferentes substratos, obtiveram números de folhas variando de 3,22 a 4,16 unidades. Já Gonçalves et al. (2016), produzindo mudas de pimentão em diferentes substratos, obtiveram resultados superiores, com valores variando de 5,87 a 7,33 folhas. O maior número de folhas nas mudas é importante por que proporcionará uma maior área fotossintética, pois as folhas são responsáveis pelo processo de fotossíntese (PES; ARENHARDT, 2015).

Na Figura 2 foi observado que o composto orgânico (CO), tratamento 5, apresentou 4,55 cm de altura de planta e o esterco suíno (TS), tratamento 4, apresentou 4,20 cm, assim, ambos representaram respectivamente melhor rendimento com relação à altura das mudas de pimenta malagueta.

 

Substratos
Figura 2 – Altura das plântulas de pimenta malagueta. TP: 100% de terra preta; SC: 100% de Substrato comercial; TC: 50% de terra preta + 50% esterco caprino; TS: 50% de terra preta + 50% esterco suíno; CO: 100% de Composto orgânico.

 

Observou-se também, na Figura 2, que o substrato comercial (SC) apresentou média de 1,95 cm de altura de plântula, isto é, foi menos eficiente em relação aos demais tratamentos. Nota-se que para esta característica o substrato de composto orgânico em geral está entre os maiores valores. As alturas das plântulas obtidas variaram de 1.95 a 4.55 cm aos 30 dias após semeadura.

Nascimento et al. (2016) produzindo mudas de pimentão Casca Dura Ikeda com substrato comercial, obtiveram mudas com alturas de 4,60 cm (± 0,47 cm) aos 30 dias após germinação. Monteiro Neto (2016), avaliando mudas de pimentão Casca Dura Ikeda produzidas em diferentes substratos e ambientes, obtiveram mudas com alturas variando de 5,30 a 16,62 cm.

A altura da plântula é uma importante característica a ser analisada quando se produz mudas, pois é de fácil medição e não à necessidade de destruição para realizar a sua determinação. Segundo Parviainen (1981), a altura de plantas é considerada como um dos parâmetros mais antigos na classificação e seleção de mudas. Gomes et al. (2002) consideram essa característica como uma das mais importantes para estimar o crescimento dessas mudas no campo.

Para o comprimento de raiz (Figura 3), não houve diferença estatística entre os tratamentos T5 (composto orgânico), T4 (esterco suíno) e T1 (terra preta), apresentando 11,25 cm, 10,15 cm e 9,75 cm respectivamente. O substrato comercial foi o tratamento que apresentou o menor comprimento de raiz, 4,65 cm.

Maciel et al. (2017) testando substratos à base de pequi e solo na produção de mudas de pimentão obtiveram comprimento de raiz variando 4,87 a 5,42 cm, porém não diferindo estatisticamente entre si. Araújo Neto et al. (2009) destacam que a matéria orgânica apresenta elevado poder de adsorção de água, obstruindo os poros, desta forma e notório o porquê do composto orgânico (CO) ter apresentado um dos maiores valores de comprimento de raiz, contudo não diferiu estatisticamente do esterco suíno (TS) e terra preta (TP).

 

Substratos
Figura 3 – Comprimento de raiz das plântulas de pimenta malagueta. TP: 100% de terra preta; SC: 100% de Substrato comercial; TC: 50% de terra preta + 50% esterco caprino; TS: 50% de terra preta + 50% esterco suíno; CO: 100% de Composto orgânico.

 

A Figura 4 apresenta o resultado das médias do diâmetro do colo dos tratamentos utilizados. Para o diâmetro do colo, não houve diferença estatística entre os tratamentos T5 (composto orgânico) e T1 (terra preta), apresentando 1,25 cm, e 1,28 cm respectivamente. O substrato comercial foi o tratamento que apresentou o menor diâmetro do colo, 0,75 cm.

 

Substratos
Figura 4 – Diâmetro do colo. TP: 100% de terra preta; SC: 100% de Substrato comercial; TC: 50% de terra preta + 50% esterco caprino; TS: 50% de terra preta + 50% esterco suíno; CO: 100% de Composto orgânico.

 

Silva et al. (2017) produzindo mudas de pimentão com diferentes substratos obtiveram valores de diâmetro de colo entre 0,97 e 1,10 mm. Faria et al. (2014) utilizando substratos alternativos na produção de mudas de pimentão, observaram que substratos PlantHort II (2,01 mm) e PlantHort III (2,22 mm) proporcionaram melhores diâmetros do colo do que o substrato comercial (1,7 mm). Santos et al. (2008) citam que o maior diâmetro do colo pode ser demonstrativo de plantas mais vigorosas.

Segundo Gomes (2001), as características de massa fresca e seca da parte aérea e das raízes, apesar de serem variáveis destrutivas são consideradas importantes, pois indicam a resistência das mudas, estimam a sobrevivência e o crescimento inicial das mudas no campo. O autor continua esclarecendo que, o peso da parte aérea possui relação direta com a altura das plantas e o peso das raízes têm relação com o comprimento das raízes.

Na tabela 4 estão apresentadas as médias das variáveis massa fresca da parte aérea, massa seca da parte aérea, massa fresca da raiz e massa seca da raiz.

 

Tabela 4 – Massa fresca e seca de parte aérea e massa fresca e seca de raiz de mudas de pimenta malagueta, produzidas em diferentes substratos em Araguatins, Tocantins, 2018.
Tratamentos
Massa Fresca Parte Aérea (mg)
Massa Seca Parte Aérea (mg)
Massa Fresca da Raiz (mg)
Massa Seca da Raiz (mg)
TP
0,20225
0,046
0,1285
0,05175
SC
0,02725
0,02
0,043
0,0335
TC
0,293
0,0585
0,08725
0,08925
TS
295,39225
0,133
374,07175
0,11175
CO
841,59725
0,17925
290,75975
0,11875
TP: 100% de terra preta; SC: 100% de Substrato comercial; TC: 50% de terra preta + 50% esterco caprino; TS: 50% de terra preta + 50% esterco suíno; CO: 100% de Composto orgânico.

 

Em relação a massa fresca da raiz verificou-se que o composto orgânico (CO) interferiu no desenvolvimento das raízes, visto que esse tratamento foi significativamente superior aos demais. Os valores de massa seca da parte aérea encontrados neste trabalho variaram de 0,02 mg até 0,17 mg com desvio padrão de ±0,07725 e massa fresca da parte aérea variara de 0,02 mg a 841,59 mg com desvio padrão ±466,63119 plântula. Os valores de massa fresca da raiz encontradas variaram de 0,04 mg a 374,07 mg por plântula com desvio padrão de ±412,25134, e massa seca da raiz variaram de 0,0335 mg a 0,11875 mg, como ±0,05135.

É de fácil percepção que os elementos orgânicos adicionado ao solo proporciona maior retenção de água, melhora a aeração e a qualidade das raízes e disponibilizam nutrientes para a muda (ARAÚJO; PAIVA SOBRINHO, 2011). É notório que o substrato exerce influência marcante na massa seca do sistema radicular e no estado nutricional das plantas, interferindo na qualidade das mudas (ROWEDER et al., 2012). Silva et al. (2017) avaliando mudas de pimentão submetidas a diferentes substratos, observaram que os valores de massa fresca da raiz variaram de 690 a 1930 mg plântula. Maciel et al. (2017) avaliando mudas de pimentão produzidas com diferentes substratos alternativos, obtiveram valores de massa seca da parte aérea variado de 400 a 460 mg plântula.

 

Conclusões

 

Diante desses resultados, pode-se concluir que o substrato comercial da marca Basaplant®, proporcionou mudas inferiores aos demais substratos testados no trabalho de produção de muda de pimenta malagueta Capsicum frutescens L.

O substrato alternativo de composto orgânico criado com esterco bovino, esterco de caprino, cama de frango, restos de comida do refeitório do IFTO, grama cortada, palha de milho, pode ser utilizado na produção de mudas de pimenta malagueta (Capsicum frutescens L.) nas condições de Araguatins, Tocantins, pois proporcionou o melhor desenvolvimento das plantas com base nas variáveis analisadas. Outro substrato que apresentou bons resultados das variáveis analisadas foi a mistura de 50% de terra preta com 50% de esterco suíno. 

 

Conflitos de interesse

 

Não houve conflito de interesses dos autores.

 

Contribuição dos autores

 

David Barbosa Araújo – execução e escrita do trabalho; Roberta de Freitas Souza Lobo – orientadora na execução e escrita do trabalho; Geslanny Oliveira Sousa – coorientadora do trabalho; Francisco de Assys Romero da Mota Sousa – cooperador do trabalho; Bruna Morais Alves – cooperadora do trabalho; Jossimara Ferreira Damascena – cooperadora do trabalho; Pedro Luid de Sousa Oliveira – cooperador do trabalho.

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Referências bibliográficas

 

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Recebido em 5 de agosto de 2023

Retornado para ajustes em 25 de setembro de 2023

Recebido com ajustes em 27 de setembro de 2023

Aceito em 29 de setembro de 2023